Jogos emocionantes, imprevisibilidade, rivalidade entre os times e muita adrenalina fazem com que o futebol seja o esporte mais popular do Brasil e um dos maiores do mundo. No entanto, essa mesma fama também tem causado um problema na sociedade, ajudando no crescimento do vício em apostas.
E por conta da paixão que move o esporte, o mercado de apostas está cada vez mais presente no futebol. Uma prova disso é o aumento de propagandas e anúncios de casas de apostas dentro do esporte. Esse é um dos motivos que fazem com que ele seja uma porta de entrada para quem começa a apostar.
Como consequência, o que era para ser só diversão está levando cada vez mais pessoas a perderem dinheiro, a saúde mental e até relacionamentos. Neste artigo, você vai entender a fundo a relação entre o futebol e o vício em apostas, além de como não se envolver ou se proteger dos riscos.
Expansão do setor de apostas no Brasil
Primeiro de tudo, precisamos entender qual foi o ponto de partida para a relação entre o futebol e as apostas no Brasil, e porque esse mercado cresceu tão rápido. Podemos dizer que o boom teve início quando as apostas esportivas foram classificadas como operações legítimas no país em 2018. Até então, as únicas modalidades de jogos permitidas eram as lotéricas.
E apesar de óbvio, o principal motivo para a rápida expansão e popularidade das apostas esportivas é justamente a facilidade de acesso, a maioria por smartphones. No entanto, a paixão do brasileiro pelo futebol e o cenário de isolamento social da pandemia de Covid-19 também ajudaram a promover a imersão.
Além disso, a lei de regulamentação das bets em 2023 fez com que o segmento crescesse ainda mais e movimentasse cada vez mais dinheiro. Inclusive, uma pesquisa do Datahub mostrou que o aumento do setor foi de 734,6% entre 2021 e 2024.
Surgimento das propagandas de apostas no futebol
Você já deve ter percebido o quanto é difícil assistir a uma partida de futebol sem se deparar com a propaganda ou anúncio de uma casa de apostas, não é mesmo? A frequência tem sido cada vez maior e varia entre patrocínios em uniformes, comerciais no intervalo dos jogos e placas de publicidade pelo gramado.
Na primeira divisão do campeonato brasileiro de 2023, por exemplo, 19 dos 20 clubes tinham patrocínios de casas de apostas. Atualmente, também é comum competições serem patrocinadas por empresas do setor, até mesmo com a venda de naming rights, que são os direitos dos nomes dos torneios.
Isso torna a exposição mais massiva e normaliza o ato de apostar, com uma conexão direta entre torcer e jogar dinheiro no resultado. Com o tempo, mais pessoas começam a ultrapassar o limite da diversão e alcançar o ponto da compulsão, entrando em um ciclo vicioso.
Crescimento do vício em apostas
Como adiantamos anteriormente, a maior consequência para a expansão da exposição e a popularização do ato de apostar é justamente o crescimento do número de casos do vício em apostas. O mercado, apesar de ser regulado, é muito atrativo com os potenciais ganhos divulgados.
Com isso, muitas pessoas acabam caindo na tentação de enriquecer por meio das apostas e não se atentam aos riscos. A maioria não avalia que os jogos não são uma forma segura de ganhar dinheiro e dependem da sorte para conseguir vencer.
Inclusive, estima-se que no Brasil sejam mais de dois milhões de apostadores que ultrapassaram o limite da diversão e estejam com ludopatia. Além disso, os brasileiros ainda movimentam cerca de R$21 milhões por mês em apostas online, com muitos casos de endividamento.
Qual é o papel da regulamentação?
A principal função da regulamentação do mercado de apostas é estabelecer regras para o setor, protegendo as empresas e os jogadores. Com as mudanças, operadoras do segmento ficam sujeitas às leis do Brasil, assim como à fiscalização e taxação para que estejam autorizadas a atuar no país.
As medidas também garantem a prevenção de fraudes, proteção de dados, ferramentas de autoexclusão e que ajudem a evitar o vício e transparência sobre as suas chances de ganhar, além de informar dos riscos envolvidos nas apostas.
Restrições publicitárias
Além das medidas citadas acima, a regulamentação também estabelece regras para a publicidade de apostas. Entre elas, estão a necessidade de não exceder as práticas de Jogo Responsável, a fácil identificação por parte dos consumidores, a garantia da veracidade das informações e mensagens de advertência sobre os riscos.
Por último, mas não menos importante, ainda existem as restrições para crianças e adolescentes. No caso, as publicidades não podem ser destinadas ao público menor de idade, com ações para impedir o alcance aos jovens e símbolos que indiquem a classificação etária.
Como se proteger?
Pode parecer impossível se proteger de toda essa exposição e evitar que a compulsão tome conta, mas existem alguns cuidados simples que podem ser tomados para evitar os riscos.
O primeiro deles é entender os riscos por trás dos jogos e do perigo que é o vício em apostas para a saúde mental e física. Lembre-se que o jogo envolve muitas variáveis e que o transtorno é uma doença grave, similar à dependência química.
Outra forma de se proteger é procurar saber o que são os gatilhos e descobrir quais são os seus. Dessa forma, você poderá adotar medidas para evitá-los. Você ainda precisa realizar ações para interromper a prática de apostas, com o uso de ferramentas de bloqueio de sites de apostas e até mesmo de propagandas e anúncios.
Peça ajuda ao Instituto de Apoio ao Apostador
E uma das melhores maneiras de se prevenir é tratando a compulsão e retomando o controle. Para isso, você pode procurar o atendimento especializado do Instituto de Apoio ao Apostador, responsável por ajudar mais de 10 mil jogadores patológicos.
O IAA oferece grupos de apoio para apostadores, familiares, aconselhamento financeiro e materiais informativos gratuitamente. Além disso, ainda é disponibilizado um primeiro atendimento psicológico individual sem custos. Entre em contato e conheça mais sobre os serviços.
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