Assim como no caso dos jogadores compulsivos, o vício em apostas também costuma ser um desafio para o familiar do apostador. Isso porque, existem vários problemas que afetam a relação e a confiança entre vocês, como prejuízos financeiros, mentiras e discussões.
Por estes motivos, muitos familiares têm dificuldade em apoiar a recuperação do viciado em apostas. Mas o que a maioria deles não sabe é que existe um caminho para ajudá-los nessa jornada e melhorar o andamento do processo para o jogador superar a compulsão.
Neste artigo, vamos te mostrar na prática como estabelecer limites saudáveis para o apostador, o papel da família durante a recuperação e como manter a relação entre vocês saudável.
Porque estabelecer limites é importante?
Você provavelmente já sabe que o vício em apostas é responsável por causar o desejo incontrolável de jogar na pessoa. Por conta disso, os viciados têm dificuldade de controlar suas emoções e manter a prática apenas como diversão. E é aí que entram as medidas para impor limites.
Em geral, é muito difícil para o apostador sozinho estabelecer um limite ou manter o autocontrole. Dessa forma, o apoio da família nesse processo é fundamental para evitar o crescimento das dívidas, o aumento dos problemas emocionais do jogador e a dificuldade na convivência familiar.
Qual o papel da família do viciado em apostas?
A família do apostador faz parte de uma rede de apoio construída para servir como uma base. Seu papel é mostrá-lo que ele não está sozinho nesse momento e que você estará ao lado dele para ajudar a suportar todo o fardo dessa jornada.
A família oferece apoio emocional, paz e tranquilidade para que o apostador consiga retomar o controle da vida dele. E essa ajuda pode ser feita através de auxílio para encontrar tratamento especializado, incentivando ações positivas e pequenas conquistas, além de compartilhar a responsabilidade.
O familiar também é responsável por ajudar a construir um ambiente saudável em torno do apostador. Isso previne os riscos de recaídas ao controlar e evitar o contato com gatilhos internos e externos.
Como estabelecer limites saudáveis no viciado em apostas?
Primeiro de tudo, você precisa entender a diferença entre estabelecer limites e controlar as ações da pessoa. Confundir firmeza com agir com rigor e impor cobranças pesadas pode causar um efeito contrário ao que você pretende, dificultando o diálogo e a relação entre os dois.
O objetivo de limitar não é impor algo, mas sim proteger a pessoa e a relação entre vocês. Essa decisão irá permitir que os dois preservem a saúde emocional, evitem comportamentos destrutivos e tenham maior confiança.
1º Tenha seus próprios limites
O primeiro passo é entender quais são os seus próprios limites. Veja o que você está disposto a tolerar, o que você não irá permitir e o que mexe com as suas emoções. Apesar de estar apoiando o apostador, você não irá aceitar tudo.
Portanto, deixe claro os comportamentos dele que afetam você e estabeleça os limites nas promessas estabelecidas entre os dois e empréstimos de dinheiro.
2º Seja firme, mas empático
A melhor forma de apoiar um jogador compulsivo é se comunicando com firmeza, mas não confundindo com julgamento e crítica. Use a comunicação não violenta, evitando gritos, ironias e acusações diretas.
Essa atitude mostra que você se importa com o apostador e está disposto a ajudá-lo. No entanto, você não irá aceitar atitudes que possam ser prejudiciais.
3º Crie um ambiente sem gatilhos
Outra forma de ajudar a estabelecer limites saudáveis é tornando o ambiente ao redor livre de potenciais gatilhos. Ajude o apostador a se livrar dos estímulos, principalmente os externos, como comerciais, redes sociais, aplicativos, jogos online, conversas sobre apostas entre amigos.
Você também pode desinstalar aplicativos de apostas, bloquear sites, evitar programações esportivas que incentivem o jogo e limitar o contato com pessoas que normalizam o vício.
4º Evite assumir as responsabilidades do apostador
Embora a rede de apoio seja fundamental na recuperação, a jornada para superar a compulsão é responsabilidade do próprio jogador. Você pode apoiar, incentivar e acolher, mas não pode fazer o processo por ele. Deixe que ele enfrente as consequências de suas escolhas e queira mudar.
5º Cuide da sua própria saúde mental
Lidar com alguém com vício em apostas pode ser extremamente desgastante, gerando sentimentos de frustração, culpa, raiva e impotência. Portanto, você também precisa cuidar da sua própria saúde mental para evitar um colapso.
No Instituto de Apoio ao Apostador, existem atendimentos especializados para familiares de jogadores. A conversa em grupos de apoio com profissionais e pessoas que passam pelo mesmo problema ajudam a ter um melhor entendimento da situação sem se prejudicar.
6º Incentive o tratamento especializado
Por último, mas não menos importante está o incentivo ao tratamento especializado. Sugerir esse tipo de ajuda, de forma respeitosa e sem pressão, pode fazer toda a diferença no processo de recuperação, já que o atendimento oferece o suporte necessário para superar o vício em apostas.
E também é possível encontrar sessões de acolhimento semanais gratuitas para jogadores compulsivos no Instituto de Apoio ao Apostador, além de atendimentos individuais com psicólogas especializadas no tema. Os espaços são seguros, conduzidos por profissionais capacitados e pensados exatamente para acolher quem está passando por esse tipo de situação.
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